A Estônia, reconhecida por seu pioneirismo em governança digital e inovação, se destaca agora em uma área essencial para o futuro do planeta: a sustentabilidade. Com um comprometimento firme com as práticas ambientais responsáveis, o país está liderando o caminho para tornar-se o governo digital mais verde do mundo.

Suas iniciativas ambiciosas abrangem a adoção de tecnologias sustentáveis e a implementação de políticas para reduzir a pegada de carbono, mostrando que tecnologia e ecologia podem avançar juntas.

Esta forma de trabalho integrado beneficia tanto o meio ambiente quanto a sociedade estoniana, atuando como modelo inspirador para nações que buscam harmonizar inovação com sustentabilidade.

Através de políticas bem pensadas e esforços contínuos, a Estônia prova que é possível alcançar progresso tecnológico em harmonia com a preservação ambiental, apontando para um futuro mais verde e digital.

Analisando a pegada de carbono das TIC

A Estônia enfrenta o impacto ambiental das TIC de frente, com uma análise abrangente que examina centros de dados, serviços em nuvem, estações de trabalho, resíduos digitais e soluções de software.

Nessas análises descobriu-se que o equipamento de estação de trabalho em agências estatais estonianas, ao longo de seu ciclo de vida, contribui com 26.000 toneladas de CO2, equivalente às emissões de 5.555 carros a diesel operando todos os dias por um ano.

Esse número destacou a necessidade crítica de repensar como as infraestruturas digitais e físicas coexistem.

O estudo realizado a partir desses dados apontou para os servidores e data centers como os principais contribuintes para essa pegada ecológica substancial. Instituições públicas mantêm suas próprias salas de servidores, muitas vezes sem a eficiência energética ou o uso de energias renováveis necessários para uma operação sustentável.

Reconhecendo esse desafio, a Estônia se voltou para a modernização de suas práticas, inspirando-se em exemplos do setor privado, como a Telia, que demonstraram como atualizações e uma abordagem consciente podem levar a operações mais verdes.

Servidores e Data Centers: os maiores desafios

Ao identificar servidores e data centers como os maiores emissores de carbono dentro do setor de TIC, o país iniciou um esforço concentrado para modernizar e consolidar seus data centers. O objetivo era melhorar a eficiência energética e a implementação de energias renováveis e o reuso de calor, práticas que foram negligenciadas em pequenas instalações operadas por várias instituições públicas.

A experiência da Telia, uma empresa de telecomunicações, serve como um modelo exemplar, já que ao consolidar seu equipamento, a empresa reduziu a necessidade de espaço físico em seis vezes e destacou a importância e o valor percebido pelos clientes em serviços sustentáveis.

Essa modernização reduziu a pegada de carbono e exemplifica como a eficiência pode ser alcançada sem sacrificar a qualidade do serviço.

A adoção do princípio “Cloud First” pela Estônia complementa essa estratégia, promovendo a consolidação dos serviços de TIC em uma nuvem estatal, o que é um passo significativo para reduzir os impactos ambientais negativos associados às operações das empresas de tecnologia da informação e comunicação.

A contribuição para um futuro sustentável

A transição da Estônia para serviços baseados em nuvem, seguindo o princípio “Cloud First”, marca um ponto de inflexão na minimização da pegada de carbono no país. Este movimento para consolidar os serviços de TIC em uma plataforma estatal de nuvem é um testemunho do compromisso do país com a eficiência energética e a sustentabilidade.

A nuvem oferece uma maneira de compartilhar recursos de forma eficiente, reduzindo a necessidade de infraestrutura física e, por sua vez, diminuindo o consumo de energia e as emissões de carbono.

Além da eficiência energética, a nuvem promove uma maior escalabilidade e flexibilidade para os serviços do governo, permitindo uma resposta mais ágil às necessidades dos cidadãos sem comprometer o meio ambiente.

Este é um exemplo claro de como a Estônia está alinhando suas ambições digitais com objetivos ambientais, demonstrando que é possível avançar na inovação tecnológica enquanto se reduz o impacto ambiental.

A decisão de priorizar soluções baseadas em nuvem também reflete um entendimento mais amplo das possibilidades que a tecnologia oferece para a sustentabilidade. Por exemplo, ao otimizar o uso de microserviços e ferramentas baseadas em nuvem, a Estônia aprimorou a entrega de seus serviços digitais, garantindo que esses serviços sejam entregues de maneira que minimize os efeitos ambientais negativos.

Este compromisso com a nuvem é uma parte fundamental da estratégia da Estônia para se tornar o governo digital mais verde do mundo.

Desafios e oportunidades na fronteira da inovação

A Estônia não se contenta apenas em abordar os desafios atuais; ela também olha para o futuro, antecipando as oportunidades e obstáculos da inovação tecnológica. A Helmes, uma empresa de desenvolvimento de software local, exemplifica essa abordagem proativa com sua dedicação ao desenvolvimento de software sustentável.

Praticando a eficiência de energia e de recursos, a empresa descobriu que soluções sustentáveis são mais custo-efetivas a longo prazo.

A estratégia da Helmes de integrar a sustentabilidade em cada etapa do ciclo de vida do software – da arquitetura simplificada e gerenciamento de dados otimizado a uma infraestrutura compartilhada – alinha-se perfeitamente com as metas ambientais mais amplas da Estônia.

Isso demonstra uma sinergia notável entre inovação tecnológica e sustentabilidade, provando que as iniciativas verdes podem e devem ser uma parte integral das estratégias de desenvolvimento de software.

Esta abordagem também ressalta a importância das considerações ESG (ambientais, sociais e de governança) na tecnologia e nos negócios hoje. Ao adotar práticas de software verde, a Estônia posiciona suas empresas e, por extensão, o país, na liderança do desenvolvimento tecnológico responsável.

Este compromisso com a inovação sustentável serve como um modelo para startups, empresas consolidadas e governos, incentivando um movimento mais amplo em direção a práticas de negócios ecologicamente corretas.

Um olhar para o futuro

A Estônia estabeleceu uma visão ambiciosa para o futuro, tanto em termos de liderança em governança digital, quanto na integração da sustentabilidade em todas as especificidades de sua infraestrutura tecnológica.

Com a meta nacional de alcançar a neutralidade de carbono até 2050, junto com o compromisso de cessar a produção de xisto betuminoso em 2035, o país se coloca em um caminho claro para a sustentabilidade.

A Comissão Europeia apoiou esses esforços, aprovando o financiamento para a produção de eletricidade a partir de fontes renováveis, solidificando o compromisso da Estônia com uma transição verde.

A coroação de Tallinn como a Capital Verde Europeia de 2023 é um reconhecimento dos esforços sistemáticos da cidade na governança verde e na implementação de metas estratégicas que refletem as ambições do Acordo Verde Europeu.

Além disso, a iniciativa Green Tiger evidencia uma abordagem colaborativa para aumentar a conscientização ambiental e estabelecer uma economia verde robusta.

Estas realizações marcam etapas importantes na jornada da Estônia rumo à sustentabilidade e servem de inspiração para nações que buscam combinar inovação tecnológica com a conservação do meio ambiente.

Olhando para o futuro, a Estônia continuará a ser um exemplo de como a digitalização e a sustentabilidade podem andar de mãos dadas. Com planos de expandir ainda mais seus serviços digitais, o país se posiciona como líder em governança digital e pioneiro na integração da sustentabilidade em suas iniciativas tecnológicas.

Esse compromisso com um futuro verde e digital é um legado que a Estônia busca deixar para as próximas gerações, demonstrando que é possível inovar e prosperar de maneira responsável e sustentável.